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Postado Por : Unknown
quinta-feira, 24 de julho de 2014
QUALIDADE DE VIDA EM REGIÕES DE
BAIXA TEMPERATURA
O Frio chegou, e não é
Psicológico.
Autor: Jorge Augusto Govoni de Lacerda
Psicólogo, CRP 08/16.801
Muitos conhecem Curitiba, a
capital do estado do Paraná.
Para quem não conhece, é famosa
por seu sistema integrado de transporte público, que utiliza passagens únicas e
canaletas exclusivas para ônibus. Curitiba também é famosa por ser uma cidade
arborizada.
A capital Paranaense tem algumas
outras qualidades, mas vou direto ao ponto - quero falar dos pontos negativos
de morar em cidades frias como Curitiba e como
contornar a diminuição de qualidade de vida causada pelo principal defeito da
capital: faz muito frio!
Ok que não faz tanto frio quanto
no Rio Grande do Sul ou na Serra Catarinense. Mas incomoda.
Segundo o artigo “Cold environment
and Cold Work”, traduzindo, “Ambiente frio e trabalho frio”, um ambiente frio é
definido por condições que causam ao corpo perdas de temperatura além das
normais. Nesse contexto normal refere-se ao que as pessoas experienciam no dia
a dia sobre condições confortáveis, geralmente ambientes interiores, assim,
pode haver variação na normalidade devido a condições sociais, econômicas ou
pertinentes ao clima local – porém, o artigo define como frio ambientes com a
temperatura variando entre 18 cº e 20 cº.
Por anos, para esquentar pés e mãos, usei aquecedores de
cabelo (pifei 3), bolsa de água quente e aquecedores de ambiente (pifei 2). Mas
quando a mão esquentava, o pé já estava gelado novamente..Sempre tive esse
problema com frio nas extremidades, e sofro a 29 invernos seguidos. E suponho
que não sou o único a ter os pés e mãos sempre gélidos nessa cidade.
Esse mês, motivado pelo aumento
da conta de luz da copel em 25%, motivado pelas reclamações com as altas
faturas anteriores e motivado pela ineficiência dos aquecedores, instalei no
ambiente que mais fico um forno a lenha pequeno, tipo uma lareira. Foi a melhor coisa que fiz pela minha vida.
O frio tem seus aspectos
psicológicos, mas o frio não é psicológico, como dizem. Eu diria que as
mulheres gostam de pensar que o frio é psicológico, porque quando as mulheres
dizem que “não sentem frio” elas querem dizer “não podemos sentir frio se quisermos
estar bonitas”. Hahaha. Não é?!
Voltando ao tema, como lidar com
o frio?
No terceiro dia utilizando à
lareira, constatação: o frio impõe um gasto energético enorme ao corpo – minhas
mãos e pés não estavam mais esfriando em 5 minutos, estavam ficando quentes,
mesmo durante períodos os quais estava longe do fogo, em outro ambiente. Evidência:
levou MUITO mais tempo para esfriar as
mãos e os pés, mantiveram-se quentes por até 40 minutos longe do fogo.
Vamos a um trecho interessante do
artigo escrito por Dahlström, Göran, Granberg, Per-Ola, Holmér e Ingvar (será
que eles são de algum pais nórdico!?), “Ambiente frio e trabalho no frio”:
“Estresse pelo frio
pode estar presentes em muitas formas diferentes, afetando o equilíbrio de
calor em todo o corpo, bem como o equilíbrio de calor local de extremidades,
pele e pulmões. Os meios naturais de lidar com o estresse por frio é através de
ação comportamental e, em particular, a mudança e a adaptação da roupa.
Proteção suficiente impede de resfriamento. No entanto, a própria proteção,
pode causar efeitos adversos indesejáveis. [...] Resfriamento de todo o corpo
ou partes do corpo resulta em desconforto, função sensorial e neuro-muscular
prejudicada e, em última análise, lesão pelo frio. Desconforto pelo frio tende
a ser um forte estímulo para um comportamento de ação visando reduzir ou
eliminar o efeito do frio.”
Penso que isso tem haver com o gasto energético exacerbado que é imposto ao
corpo humano no frio: Como estou Diabético tipo I e sou adepto do método de
controle de carboidratos, sei que num dia quente preciso de 30g de carboidratos
a cada 2 horas. Num dia frio, normalmente preciso de 45g de carboidratos a cada
2 horas.
Supõe-se que, ao não gastar calorias tentando evitar a perda de calor, o corpo consegue
manter-se aquecido mais tempo com as mesmas 30g de carboidratos. Para um
diabético, comer carboidratos moderada e
planejadamente significa menor probabilidade de desenvolver complicações
secundárias no futuro. Isso vale para pessoas saudáveis, afinal qualquer um
pode desenvolver doenças cardiovasculares ou metabólicas, como a Diabetes tipo
II.
Mas, se você não puder instalar
em sua residência uma lareira, se você não quer comprar um poncho gaúcho e
mesmo se você for diabético, pode seguir essa dica: no frio, coma 1/3 a mais da porção de carboidratos que você geralmente
come. Seu pâncreas agradece se você souber balancear proteínas, gorduras
saudáveis e fibras. Conforme exemplo da tabela abaixo, você deveria comer a cada duas horas, em um dia frio, 3 fatias (em média 37g de carboidratos), enquanto em dias quentes você comeria 2 fatias (25g de carboidratos).
Outro ponto aonde o frio diminui
a qualidade de vida de Curitibanos, sejam eles saudáveis, diabéticos ou
portadores de outras condições: postura
corporal e mobilidade. Praticamente todas as articulações do meu corpo
doem, devido à magreza, fibromialgia e artrose (complicações secundárias da
diabetes).
Pode-se perceber que o
aquecimento do ambiente proporcionado pelo fogo da lareira, por atuar de forma
sistêmica no ambiente, atenua todas as dores articulares da artrose e todas as
dores difusas da fibromialgia. Bem, deixe-me reformular: na verdade, pode-se
perceber que o aquecimento do ambiente proporcionado pelo fogo da lareira não
permite que a pessoa prejudique sua biomecânica.
Explico.
A vasoconstrição é o fenômeno de encurtamento
no calibre dos vasos sanguíneos, e consequência
mais nefasta do frio: o sangue circula com mais dificuldade e, assim, é
mais difícil manter a temperatura corporal em 36 cº. Apesar de não ser médico,
imagino que vários tecidos que precisam do sangue circulando normalmente tem seu
desempenho prejudicado.
De fácil constatação, é visível a
diminuição da qualidade de vida dos moradores de locais frios como Curitiba em
termos de Mobilidade e Postura Biomecânica do corpo, devido consequência
vasoconstritora que o frio impõe ao tecido muscular: mas, com a lareira, tanto
a postura corporal correta (com
tônus muscular e ereta) quanto à mobilidade
(não ficar embaixo de um cobertor ou sentado numa cadeira em frente a um
aquecedor) foram possíveis como nunca. Evidência: sentimento de estar de férias
num resort de luxo, para ser bem sincero. Hahaha.
Nesta busca por mais qualidade de
vida e viver em uma cidade fria, aonde manter a temperatura corporal (não
sentir frio) é desafio, presta-se a seguinte constatação: com a lareira a produtividade laboral aumenta uns 10%. Em 3 dias de
transformações alquímicas, aonde a Calcinação de pequenos tocos de madeira se
dissolve em Calor conduzido ao ar, e assim, ao corpo, compromissos foram
realizados 2h antes do normalmente previsto. Lareira = fazer mais e melhor.
Sintetizando o que Dahlström, Göran, Granberg, Per-Ola, Holmér
e Ingvar do artigo “Ambiente frio e trabalho no frio” tem a dizer sobre isso: Prevenção
de diminuição de temperatura se dá por meio de vestimentas, anteparos e roupas,
como tocas, calçado de proteção, luvas e chapéus, que interferem na mobilidade
e destreza.
“Há um "custo de proteção", no
sentido de que os movimentos tornam-se restritos
e mais desgastantes para serem realizados. A contínua necessidade de
ajustamento dos anteparos, para manter um elevado nível de proteção, requer
atenção e juízo, e pode comprometer a fatores como a vigilância e tempo de
reação. Um dos objetivos mais importantes de pesquisas no campo da ergonomia é
a melhoria da funcionalidade da roupa, mantendo a proteção frio.”
Quer mais?
O atleta de alta performance e
escritor do best-seller “4 horas para o Corpo”, Timothy Ferriss, comenta neste
livro que a temperatura parece estar diretamente ligada a quantidade de massa
magra de uma pessoa: no livro, são descritas as conclusões de Ferriss e um
engenheiro de materiais da NASA sobre como a diminuição da temperatura, através
de banhos gelados ao longo do dia, ajudava na diminuição de peso. É possível supor
o contrário? Com a lareira e o aumento
da temperatura, poderá haver aumento no ganho de peso?! São cenas para os
próximos capítulos....
Para concluir, o frio deixa as pessoas mal humoradas,
afinal, você esta em Luta ou Fuga, irritado e se sentindo um boneco de neve
tentando batalhar contra o frio colocando blusas ou sentando na frente de um
aquecedor, se sentindo derrotado ao ser botado pra correr pro seu quarto por aquele
vento frio que passa por fora do recinto quentinho.
Acender ao fogo e sentir-se
aquecido tem como consequência um sentimento
de ser um humano pleno e feliz – uma casa fria não é um abrigo decente, e
assim uma das maiores necessidades básicas do ser humano esta insatisfeita e,
quanto menos aconchego, menos qualidade de vida. Já num ambiente quente, é possível
sentir-se aconchegado.
Por não ser um refém do frio e
poder manejar a temperatura do seu corpo, pra fechar os argumentos de porque a
lareira pode aumentar sua qualidade de vida, você também pode:
·
Fazer seus gatos perderem a obsessão por montar
um ninho no seu colo.
·
Ter um passatempo atávico – desde os primórdios da
humanidade o homem é facilmente hipnotizado pelo fogo.
·
Se livrar facilmente e de forma segura de
documentos sigilosos e comprometedores.
·
Ver sua namorada se sentir muito mais motivada
para tirar aquela blusa de lã que ela ganhou da prima como presente pelo
aniversário de 13 anos.
·
Fazer chimarrão, chás, cafés, batatas assadas e marshmellows.
Descubra o fogo e deixe de ser um homem primitivo. Recomendo instalar uma lareira em casa, principalmente se você mora numa cidade fria: é uma grande implementação
no seu #EstiloDeVida!
Jorge Augusto
Govoni de Lacerda
Psicólogo, CRP
08/16.801